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sábado, 26 de setembro de 2015

Denise Levertov (1923-1997)


VIVENDO


O fogo na folha e na grama
tão verde parece
cada verão o último verão.
O vento soprando, as folhas
vibrando sob o sol,
cada dia o último dia.
Uma salamandra vermelha
tão fria e tão
fácil de pegar, em devaneio
move suas delicadas patas
e longo rabo. Deixo
minha mão aberta para que ela se vá.
Cada minuto o último minuto.





O SÁBIO



O gato está comendo as rosas:
ele é assim.
Não o faça parar, não o faça
o mundo girando,
é assim que as coisas são.
O três de maio
foi encoberto; o quatro de maio
ninguém sabe. Espalhe
o miolo da rosa, espalhe os pedaços
lá fora na chuva.
Ele nunca come
todos os fragmentos, diz
que os corações são amargos.
Este é o jeito dele, ele conhece
o universo e o clima.
 



 
Os mudos


Esses suspiros que os homens
soltam quando passam por uma mulher na rua
ou nas escadas do metrô

a fim de lhe dizer que é uma fêmea
pois assim sentem suas carnes,

são talvez espécie de som,
canção muito feia, feia mesmo, sussurrada
por um pássaro de língua serrada
mas feita para música?

Ou são grunhidos
de surdos-mudos encurralados numa sala que
aos poucos se enche de fumaça?

Talvez as duas coisas.

Tais homens parecem que
só sabem soltar tais sussurros,
no entanto uma mulher, apesar de si mesma,

sabe que lhes chama atenção:
se ela não tivesse graça
passariam por ela em silêncio:

logo, não é só porque ela seja
um buraco quente. É uma palavra

em língua sofrida, longe de ser
primitiva nem primária;
língua prenhe, doentia, senilizada,

em decrepitude. Ela deseja
desfazer-se do sussurro, repug-
nada, mas não consegue,

o sussurro prossegue zurrando em seus ouvidos,
muda o ritmo de seus passos,
os cartazes rasgados em corredores que ecoam,

verbalizam-no, ele
se estremece e range à chegada do trem.
O pulso dela sombriamente

acelerava-se, mas os vagões
param estridentes
enquanto sua compreensão

prossegue transladando
“Vida após vida após vida prossegue

sem poesia,
sem decência,
sem amor”.





Nota: ela não era um dos poetas da leitura, mas e daí. Era beat.

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Um Convite


7 de Outubro de 2015 [4ª-FEIRA] às 20hs, na Galeria Índica

LOCAL: R. Visconde de Pirajá, 82 Lj. 117 [sub]

**APOIO: Azougue Editorial



APRESENTAÇÃO:


Através de uma homenagem aos 60 anos da leitura na Six Gallery, quando a Beat Generation se fez conhecida nacionalmente nos Estados Unidos, procuramos fazer uma "releitura" do citado evento apresentando, principalmente, por meio de poesia as relações afetivas de construção e de projeção da beat generation.

Situamos a beat generation em seu tempo histórico e cultural.

Com isso evidenciamos seu diálogo não só com uma "tradição marginal" norte-americana mas com as vanguardas históricas e seu princípio de trazer a vida para a arte - notadamente com o surrealismo.

Seu comprometimento com o mundo por uma ação não só literáriamente. Seu engajamento ecológico. Sua "investigações" e opções místicas não ocidentais. Sua coneções com o jazz, com o rock, com a fotografia, basicamente com Robert Frank, que dirigiu Pull My Daisy, com roteiro e narração de Jack Kerouac e participação de Corso, Burroughs.

....

Além de poesia pretendemos fazer uso de outros recursos como o filme acima citado e trilha sonora de, entre outros, Charlie Parker.
....

Após estaremos disponíveis para diálogo com as pessoas interessadas. ....


[Convite: Marcelo Nietzsche e grupo "6around60"]


LEITURAS ADICIONAIS


Para além das leituras deste dia "Six Around 60", o evento comporta uma TERCEIRA PARTE: será aberta aos demais expoentes da geração Beat, nomes inevitáveis, como Gregory Corso, Carl Solomon, William Carlos Williams, Bob Kaufman, LeRoi Jones (Amiri Baraka) etc.. Ou as MULHERES, quase sempre esquecidas entre os Beats, como Joyce Johnson, Denise Levertov, Diane di Prima, Patti Smith etc.. Referências históricas que deram direção a literatura Beat, poetas como: Walt Whitman, William Blake, D.H.Lawrence, Rimbaud, Artaud, Baudelaire, Conde de Lautréamont, etc..

Poderão ser lidos poemas da geração posterior, "The Postbeat Poets", nomes como Anne Waldman, David Cope, Eileen Myles, Lesléa Newman, Jim Cohn, Randy Roark etc.. Divinal, meteórico, ocorreu com uma vasta safra de MÚSICOS, fosse no folk, rock, punk, a poesia intrincada em suas letras. Só no The Doors, Jim Morrison e Ray Manzarek eram grandes entusiastas da poesia falada, íntimos de vários Beats. Famosos na música pop norte-americana, como The Grateful Dead, Mick Jagger, Lou Reed, Tom Waits, muitos outros fecharam nessa corrente também.
Finalmente, os Beats Latino-Americanos: Eco Conteporáneo e Nueva Solidariedad na Argentina; Nadaístas na Colômbia. Ou do Brasil, como Luis Carlos Maciel [difusor da contracultura]; Roberto Piva, desde seu livro de estreia [Paranoia-1963]; José Agripino de Paula [Panamérica-1967]. Existiram Beats brasileiros, como Wally Salomão [Navilouca]; Torquato Neto; Roberto Bicelli; Alberto Marsicano; Antonio Bivar... Eduardo Bueno! E os atuais: espaços em branco deixados para nomes sugeridos, ou como quiser preenchê-los e etc. etc. etc..
Todos à leitura!

- Textos de Claudio Willer sobre:
"Conde de Lautreamont" [click!]

BEAT AND ...JAZZ...









Poetry for the Beat Generation - Jack Kerouac já vinha empolgado com a música, especialmente o Bebop Jazz, quando em 1957 foi agendado para uma performance acompanhada de jazz no Village Vanguard. Na noite de inauguração Kerouac estava muito nervoso e tímido, foi um desastre. Na segunda apresentação, Kerouac foi acompanhado por Steve Allen ao piano, que logo sugeriu que gravassem um áudio pela Dot Records.



Como havia sido um sucesso aquela noite, Kerouac preferiu em gravar de uma só vez, sem cortes, no improviso, mas o resultado não foi aprovado pelo presidente da gravadora, que achou o conteúdo obsceno, de gosto duvidoso, e mandou destruir a cópia.



Steve Allen não se conformou. Levou os originais para a Hanover Records, onde a ideia foi aceita e se tornou o álbum Poetry for the Beat Generation, o primeiro dos três discos que atualmente integram o pacote _The Jack Kerouac Collection.



- trecho: by Jack Kerouac e Steve Allen (on youtube):
'Charlie Parker' [click!]

- Charlie Parker (on youtube):
"Bebop" [click!]

Audio (on Archive Jazz Topics):
"Bird and Diz" [click!]














Disco: Bird and Diz

Gravadora: Verve Records

Ano: 1950

Banda:

Charlie Parker
[Sax Alto]

Dizzy Gillespie
[Trumpete]

Thelonious Monk
[Piano]

Curly Russell
[Baixo]

Buddy Rich
[Bateria]


SESSÃO CINE-CLUBE



Pull My Daisy
**O filme será apresentado às 20hs, como abertura do evento, não se atrasem!









Ficha Técnica:


[http://imdb.com/]











Ano: 1959
País: USA
Duração: Curta Metragem (30 min.)

Direção: Robert Frank e Alfred Leslie
*com intervenções de Jack Kerouac.

Narração: Jack Kerouac.

Elenco:
Allen Ginsberg,
Peter Orlovsky,
Gregory Corso,
Larry Rivers,
Alice Neel,
David Amram,
Richard Bellamy
Delphine Seyrig
Sally Gross
Pablo Frank,
Robert Frank.

Sinopse:
Baseado num incidente na vida do casal Neal e Carolyn Cassady, o filme conta a história de um jantar, quando um agente ferroviário e sua esposa recebem um respeitável padre em sua casa. No mesmo encontro, chegam amigos de bar do marido, gente de vida boêmia, que causam um choque entre sagrado e profano, quebram a cerimônia, iniciam uma festa.

- assista o filme (on vimeo):
"Pull My Daisy" [click!]

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